Longa espera

Pesquisadora pelotense muda legislação nacional

Mara Helena Saalfeld, veterinária e extensionista da Emater-Ascar RS em Pelotas, está convencida de que a flexibilidade da legislação vai gerar emprego e renda, tributos e abrir novas possibilidades para a indústria

Demorou 20 anos, mas ela não entregou os pontos e conseguiu seu intento: até o final do ano deve ser modificada a legislação de 1950 e não será mais proibido no Brasil o uso do colostro para o consumo humano. O produto está no primeiro leite produzido pela vaca após o parto. A pesquisadora Mara Helena Saalfeld, veterinária e extensionista da Emater-Ascar RS em Pelotas, está convencida de que a flexibilidade da legislação vai gerar emprego e renda, tributos e abrir novas possibilidades para a indústria.

O momento político do país adiou a segunda audiência com autoridades em Brasília para debater o tema, prevista para fevereiro, mas que ocorreu apenas no final de agosto. Em novembro do ano passado Mara já havia exposto ao governo federal e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o resultado de suas pesquisas ao longo dos anos. “Há 20 anos trabalho com isso, desde a premiação da silagem de colostro, e no doutorado pude estudar melhor o colostro. Vi o quanto era desperdiçado e que no mundo inteiro era usado, só aqui (Brasil) não”, diz.

Mara acredita que o uso foi proibido porque quando começou a pasteurização o colostro e o leite deveriam ser mandados juntos, e são produtos com concentrações diferentes. O colostro, quando aquecido coagula, por isso a temperatura não pode ser a mesma. Deve ser superior. O colostro tem cinco vezes mais proteínas que o leite. “Nossos antepassados usavam o primeiro leite da vaca para fazer queijo e eu faço até hoje”, conta.

Mara deixou Brasília com a garantia do Ministério da Agricultura e da Anvisa de que a lei será modificada ainda este ano. Ela foi convidada, inclusive, para participar da redação do artigo onde consta a proibição. A reunião contou com a presença de técnicos do Mapa, do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, da Emater, com presidente Clair Kuhn; Anvisa e Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados.

Produtos para degustação
A Emater promove esta semana, em São Lourenço do Sul, oficina de derivados do leite. Em Arroio do Padre, na Festa do Caqui e da Maçã, teve estande do órgão com degustação de produtos feitos à base de colostro, como pudim, ambrosia, queijo, iogurte e manteiga. “Encheu de gente para provar”, fala. Conforme Mara, é impossível saber qual produto é feito com colostro, pois têm aparência e sabor iguais aos demais produzidos com leite.

O Sesi Ciência e Tecnologia de Sertãozinho, São Paulo, buscou o conhecimento de Mara para produzir bolachas de colostro. Serão apresentadas na Olimpíada Internacional de Robótica. O colostro pode ser utilizado também para fabricação de medicamentos voltados a doenças gastrointestinais, estimulante de imunidade e antissinais. Os remédios são vendidos pela internet para o mundo inteiro e há laboratório querendo entrar no Brasil há muito tempo.

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